16.3.10

meuabrigoconstante

«Jogas com o baralho todo, e és justa nas regras, atiras para a mesa todos os teus erros e defeitos e escondes bem do adversário as tuas virtudes. Não perdes, porque sabes perder, e o teu desejo é sempre ganhar. Para ti o silêncio é a forma mais perfeita de demonstrar música, nele tu te compreendes, encantas-te nas palavras que te irão encontrar. O silêncio é a tua obsessão, a tua forma de escutar. E sabes que o silêncio é para ouvir alto. Sentes que o corpo vence, sentes o chão estreito, dizes que o mundo não pára, sentes que as mãos são asas, que todo o resto é céu, voas de olhos fechados, num tempo que é só teu. E tudo à volta dá vontade de partir, de encontrar alguém também pronto a fugir. Sentes que a noite acaba da solidão, vês o prazer dos outros, e vais dizendo “não”, sentes o vento na cara como a primeira vez, e ao tocares-te na pele, descobres quem tu és. E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não te metas por uma ao acaso, senta-te e espera. Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração.
Quando ele te falar, levanta-te, e vai para onde ele te levar.

Fazes parte, não de uma certa maneira, mas da maneira mais importante. »

C.


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