2.1.13

Impede-me de ir

“Dessa vez eu vou, querendo que tu me impeças, querendo que tu me pares e me mostres que ainda podemos ser absurdamente felizes. A verdade é que estou sempre a ir embora, nunca me acomodo quando sinto que já sou um incomodo. Então eu vou, faço as malas e atiro-me no primeiro despenhadeiro que aparecer - a queda é sempre dura, mas ainda pode existir alguém que me encontre com disposição suficiente para curar as feridas, e me levantar dizendo que o final ainda não chegou, e só acaba quando eu disser que acabou. Sigo em frente, querendo voltar, querendo gritar bem alto cada parcela de culpa que há em mim. Mas eu calo-me, cada "amo-te" que já não posso dizer, cada abraço que ninguém irá completar, cada sonho que serei o único a sonhar. Desta vez eu abro mão de tudo por uma felicidade não muito promissora, não consigo enxergar algo bom numa despedida, nem mesmo com o meu olhar mais otimista, não surge nada no meio dessa bagunça, e eu já não sei por onde começar. Queria encontrar um lugar nesse imenso universo, um lugar que ninguém me encontre, mas eu nunca penso por mim, só consigo imaginar um lugar que seja nosso. As vezes deparo-me a pensar que a verdade é que, nem eu sei mais o que faço comigo, ou o que estou esperando de algo ou de alguém. Então eu vou, ou parte de mim se vai, porque no fundo eu sei que nunca vou por completo, ou talvez o meu completo não seja tudo aquilo que eu imaginava ser.” 
Sean Wilhelm.

1 comentário:

cada pessoa tem a sua opinião, dá a tua.